O equilíbrio entre fé e cuidado emocional pode transformar a vida dos cristãos
Por Teologia em Foco
Entender como o equilíbrio entre a saúde mental e a vida espiritual estão alinhados pode ser essencial para uma vida plena e saudável. O cuidado com a mente e o espírito precisa estar no cotidiano de todas as pessoas, assim como os cuidados com o corpo. Para aqueles que vivem de acordo com a fé em Cristo, isso deve ser observado até mesmo como uma ordenança, pois quem está em Cristo, já foi indagado: “ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Coríntios 6:19). Como zelar integralmente do “templo”?
Em virtude disso, a conexão entre saúde mental e espiritualidade tem se tornado um tema cada vez mais relevante, principalmente entre os cristãos. Muitos buscam uma forma de equilibrar suas responsabilidades espirituais com a necessidade de cuidar da mente e das emoções, à medida que as pressões da vida moderna aumentam. Como esse cuidado pode se manifestar de forma prática na vida de quem busca viver de acordo com os princípios da fé cristã?
“A fé oferece um sistema de crenças que pode ajudar os indivíduos a enfrentarem adversidades, promovendo o bem-estar emocional”, expõe a psicóloga Queila Rodrigues Mendes, explicando que a fé oferece uma base sólida que ajuda os indivíduos a enfrentarem adversidades e a superarem momentos difíceis, promovendo uma resiliência emocional. Ela destaca que, na prática clínica, observa resultados mais positivos entre aqueles cuja fé está firmada em Deus.
Para essas pessoas, a oração e a leitura da Bíblia se tornam mais que rituais religiosos, pois configuram práticas que fortalecem a mente e trazem conforto ao espírito. Um dos aspectos que diferencia o cuidado mental de um cristão é justamente a integração entre o espiritual e o emocional. “A oração, a leitura da palavra de Deus e a comunhão com a comunidade de fé podem ser integradas à terapia. Em contraste, uma abordagem secular pode se concentrar mais em intervenções psicológicas e comportamentais, sem esse componente espiritual”, observa.
“Há uma dimensão espiritual que não pode ser ignorada. Muitas vezes, a falta dessa perspectiva em abordagens seculares pode limitar o alcance do tratamento”, explica a psicóloga, membro da igreja Missão Praia da Costa.
Quando o equilíbrio emocional se rompe, Queila explica que o impacto pode se estender para a vida espiritual.

“Problemas como ansiedade e depressão distorcem a percepção que a pessoa tem de Deus e da sua fé”, disse. Nessas situações, orar ou participar de atividades comunitárias pode parecer difícil, criando um ciclo de desconexão que afeta tanto o emocional quanto o espiritual. Isso revela a importância de abordar a saúde mental de maneira integrada na vida.
A igreja também tem um papel vital no cuidado com a saúde mental de seus membros, segundo a psicóloga, que exemplifica dizendo que a igreja pode criar espaços acolhedores e livres de julgamentos, onde os membros possam compartilhar suas dificuldades emocionais. Grupos de apoio, programas de aconselhamento espiritual e momentos de oração comunitária podem ser instrumentos de restauração emocional que também podem ser implantados.
Além disso, segundo Queila, a igreja deve ajudar a desmistificar o estigma em torno da busca por ajuda profissional: “Muitos cristãos ainda veem a terapia como uma falta de fé quando, na verdade, cuidar da saúde mental é uma extensão do cuidado espiritual”.
“É um desafio significativo o estigma associado à terapia. Muitos cristãos podem sentir que a busca por ajuda profissional contradiz sua crença em Deus”, explica a psicóloga, acrescentando que a escassez de profissionais que integrem a fé cristã ao tratamento psicológico pode dificultar também essa busca de cuidados por parte de quem crê que a fé importa.
Queila rememora que a Bíblia ensina que há um tempo certo para todas as coisas (Eclesiastes 3.1), incluindo momentos de descanso e cuidado consigo mesmo. “Assim como cuidamos do nosso corpo físico, devemos cuidar da mente, reconhecendo que somos ‘templos do Espírito Santo’ (1 Coríntios 3.19). Isso inclui práticas como a oração, a meditação na Palavra de Deus e a disposição para buscar apoio quando necessário”, finaliza.
E, de sua experiência, ela conclui lembrando que o equilíbrio entre vida espiritual e emocional não é apenas possível, mas necessário. E destaca que isso é ainda mais necessário para aqueles que se dedicam intensamente ao ministério. “Entender a importância do autocuidado e do descanso é fundamental”, ela completa.